"Natal sem criança não é Natal". Ouvi essa fala de uma senhora conversando com outra na fila do caixa de uma papelaria, no mês natalino. Esse tipo de frase costuma ser dirigido a pessoas sem filhos, em geral por parentes, na expectativa de que se sintam estimuladas a se tornarem mães ou pais. Mesmo quando elas já são tias/tios, madrastas/padrastos ou madrinhas/padrinhos de crianças.
Segundo essa lógica, famílias compostas por pessoas sem filhos pequenos ou aquelas que perderam familiares crianças não vivenciariam o "Natal de verdade". Algo extremamente insensível, ainda mais com aqueles que passaram por um luto que pode ser, inclusive, recente.
Além disso, o que as pessoas que tanto falam sobre filhos pequenos hipotéticos efetivamente fazem para tornar a festa acolhedora não só para as crianças, mas também para quem cuida delas?
Natal de verdade é o Natal da realidade de cada pessoa que o celebra. Seja por razões religiosas, seja por ser parte da cultura popular brasileira. Seja com a família de nascimento, seja com a família escolhida. Seja entre humanos ou entre não humanos. Seja com ou sem crianças.
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Confira aqui o post sobre a associação entre Natal e crianças em formato compacto.
Essa e outras temáticas são melhor exploradas no livro “Ser mãe é f*d@!”: mulheres, (não) maternidade e mídias sociais e na tese de doutorado.
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