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Foto do escritorAna Luiza de Figueiredo Souza

A diferentona do rolé

Atualizado: 26 de dez. de 2021

Esqueçam língua dividida ou piercing no mamilo. Às vezes, o que torna você a diferentona do rolé (com agudo, estamos no ErreJota) são coisas simples.


Estar tão satisfeita com a própria companhia que dispensa acompanhante para afagos.

Pode ser bom acompanhante. Você ainda não se interessa pelo compromisso dos afagos.


Ter clareza sobre o que deseja e, principalmente, o que não quer na sua vida.


Estranhar o banal e abraçar a familiaridade do inusitado.


Sentir tesão pelos bloquinhos que vão montando aquilo que você constrói, até as mãos empurrarem os blocos num tapa, recomeço do processo de encaixe.


Gostar daquela cicatriz, do desvio, o torto no dente, a celulite entre as coxas.


É a dispensa do banalizado rótulo de bem resolvida. Você rabisca por cima um tá bom,

mas pode — e vai — ficar melhor. Depois risca o mas, que incomoda. Tá bom. Do jeito que estou e sou, tô bem. Os planos vão bem. Amizades e família também. Só vai ficar melhor. Sem arrogância ou prepotência. Resultado de afeto e afinco.


Não falo de carreira, nem de vida pessoal. Me refiro a uma grande lacuna. Insira aqui o

que precisa ser inserido. Vai ficar melhor não significa que o melhor virá sem problemas, choro, desespero, raiva, cansaço, onde foi que eu me meti?! Significa apenas que as dores vão passar. E voltar. E passar de novo. E você vai sobreviver. Já fez isso antes, lembra?


Nem chega a ser confiança.


É só experiência.


A experiência de alguém acostumada a ouvir que aproveitar o rolé do próprio jeito é

diferença.


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